SPITALFIELDS
O Sepulcro das Mentiras dos Deuses (q vergonha jajaja)
Além deste limiar jazem as mentiras veladas dos Deuses,
E de todos os seres cuja ambição ousou desafiar os verdadeiros sentimentos —
Não a forma grotesca e profana de sua distorcida imitação.
Em eras esquecidas, antes que o tempo ousasse contar suas batidas;
Em um lugar onde nem mesmo o vazio ousava sussurrar;
Atrás das tramas inefáveis da existência,
Oculto sob véus de ébano e fogo celestial;
Repousa o Primordial, o âmago de toda criação.
Seus tentáculos são as veias que tecem as esferas do cosmos;
Seu sangue, os rios do destino, fluindo por galáxias adormecidas;
Seus batimentos, o primeiro eco do desejo;
E sua presença é o alicerce de todo ser e não-ser,
O Deus-Vazio, o Deus-Completo — aquele que enlaça o vazio e a plenitude.
Depois de sete batidas de seu coração titânico,
Das sombras nasceram os Arautos do Caos,
Os primogênitos de sua essência insondável:
Fornos vivos, clamando para moldar a realidade com o fogo eterno.
E então surgiram seus filhos,
Entidades cujos nomes dançam em cantos proibidos:
Vida e Morte, Liberdade e Prisão,
Que deram forma e substância às esferas contorcidas do firmamento.
Quando as teias do cosmos se entrelaçaram,
E os destinos se enraizaram nas profundezas do vórtice primordial,
Vieram os Celestiais, os Vigias das Linhas,
Cuja visão desvelava o infinito,
E então as realidades nasceram.
Cada camada de existência, uma tapeçaria dos horrores e maravilhas,
E com o erguer dos pilares de espaço e tempo,
Dos filhos dos filhos de seu sangue primordial,
Os mortais, tão frágeis e ainda assim tão ousados,
Cresceram das cinzas das eras esquecidas.
Foi então que um mortal, um Tolo Louco, um viajante amaldiçoado,
Em sua sede por respostas, clamou por uma benção:
"Oh, aquele que repousa além dos abismos,
Ser que é e que não é,
Guardião dos segredos não ditos,
Aquele cujas mãos invisíveis entrelaçam a visão e a cegueira —
Dá-nos a dádiva de sentir."
E o deus desconhecido, da era onde os nomes eram cinzas,
Ouviu o lamento do infame, e respondeu em um sussurro antigo:
E assim, como uma maldição mascarada de presente,
As emoções foram dadas aos filhos das estrelas.
Mas nem mesmo o Tempo pôde selar sua loucura.
Pois quando as palavras do Tolo Louco se entrelaçaram como correntes ao redor do tecido da realidade,
Os Deuses, temendo sua fúria, o acorrentaram no Abismo Eterno,
Onde nem a luz, nem a sombra ousam caminhar.
Seu corpo, preso em grilhões de éter e aço celestial;
Sua mente, enjaulada em camadas de sonhos e delírios sem fim;
E sua voz, ecoando como um murmúrio que assombra o vazio.
Mas um sussurro persiste nas profundezas da escuridão:
‘Um dia, o silêncio será quebrado, e as correntes, dilaceradas.’
Quando as estrelas morrerem e os mundos se esfacelarem,
Quando o último segredo for revelado e a primeira mentira for destruída,
O Tolo Louco, aquele que caminha sobre o limiar da sanidade,
Romperá suas correntes e trará consigo o retorno do Caos.
E então, em um cataclismo sem precedentes,
A serpente devorará a luz,
E a Canção do Fim será entoada
Por bocas que jamais deveriam ter conhecido o gosto do existir.
Mas até que esse dia chegue,
Ele jaz, sussurrando para as sombras e sibilando para o éter,
O Tolo Louco, o Prisioneiro das Eras,
Aquele cujo nome é silêncio,
Mas cujo retorno será o último grito da criação.
