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Reflexão sobre a Dor(12/02/2024)

Mas, apesar de tudo, o que doía não eram as feridas nem as doenças: era o seu jeito frio de se comunicar comigo.

Era o seu jeito grotesco de me tratar como um simples colega, um simples estranho que você acabara de conhecer.

Eu não chorei por você; eu chorei por mim.

Eu chorei pelas vezes que te perdoei. Eu chorei porque doía em mim te perdoar, mas o problema não era isso. O problema era saber que nunca mais poderia olhar e pensar da mesma forma que antes.

Eu fiz esforços não por mim, mas para poder me sentir seguro.

Seguro de que, com um corpo bom, com um cartel incrível de lutas, com uma mente brilhante, com um salário alto, você esqueceria dos outros e focaria apenas em mim... me enganei.

Eu queria poder te mostrar isso um dia.

Queria poder te dizer a sensação e te lembrar de todas as vezes que me chama de "Mano."

Queria poder te xingar, queria poder sentir ódio de você, assim eu nunca mais precisaria me machucar novamente.

Isso nunca foi culpa sua, não se culpe.

Eu sou a causa de toda essa merda.

Eu estou no buraco e, à medida que ficamos mais próximos, eu te arrasto para o centro dele.

Desista de mim.

Eu sou um caso perdido e sempre serei.

Tristeza