Reflexão sobre o Ódio


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Reflexão

É muito difícil eu amar em comum, nós tentamos, nós nos esforçamos, mas é difícil eu amar. Agora odiar é uma delícia. Odiar é uma facilidade muito grande. Os inimigos nos dão a nossa identidade. Não há importância alguma de fato que eu vença com meu time. O importante é eu poder gozar do time adversário e jogar isso na sua cara. A derrota dele é mais deliciosa que a minha vitória. Não optamos por um time por amar nosso time mas por odiar o outro.

O ódio e o bode expiatório nos fazem lembrar o pensamento do grande Tácito na Roma clássica, que dizia que os homens apressam-se mais a retribuir um dano do que um benefício, porque a gratidão é um peso e a vingança é um prazer. E Tácito chegava a nos recomendar na esteira do que depois Rochefoucauld vai dizer, no século XVII, que é mais fácil fazer o mal do que o bem, porque o bem tem que ser retribuído e é um sacrifício porque nos humilha, se você me emprestou um dinheiro, você me ajudou, você me ouviu, você será sempre a testemunha da minha fraqueza, que eu não tive dinheiro suficiente, que eu fui fraco ao ponto de chorar ou fui traído e fui chorar minhas mágoas corníferas com você. E você será sempre a memória dessa dor, dessa fraqueza.

Mas se você me fez um mal, eu tenho motivo pra viver e pra acordar. E quando eu penso em descansar, eu penso "mas ele ainda respira", eu preciso lhe atacar, porque o ódio me torna superior a você, já que foi você que me atacou, enquanto a gratidão me faz inferior a você, me deixa frustrado por ter dependido de você...

REFLITAMOS.

Reflexão sobre o Ódio